“O Massacre de Porongos”, onde de acordo historiadores, depois de lutarem durante 10 anos principalmente em busca de suas liberdades, já que inicialmente foi prometido que aqueles que lutassem na guerra seriam libertados, no dia 14 de novembro de 1844, os Lanceiros Negros foram traídos no episódio conhecido como “O Massacre de Porongos”, quando foram previamente desarmados por David Canabarro e separados do resto da tropa.
Conta-se que cinco carretas com mulheres chegaram à beira do açude onde eles passariam à noite, que ainda teve música e churrasco. Por volta de 2h da madrugada, no Campo de Porongos (hoje município de Pinheiro Machado), eles foram atacados de surpresa e dizimados pelas tropas imperiais comandadas pelo Coronel Francisco Pedro de Abreu (o Moringue), através de um conluio entre o Barão (mais tarde Duque) de Caxias e o General Canabarro para se livrarem dos negros armados e poderem finalmente assinar a Paz de Ponche Verde. Cerca de 20 negros sobreviveram e foram mandados para o Rio de Janeiro, onde provavelmente voltaram a ser escravos. Algumas entidades informam que os Lanceiros assassinados foram de 600 a 700. Outras versões falam de 100.
Cavalaria e infantaria
Recrutados em meio aos negros campeiros e domadores da atual Região Sul do Estado gaúcho (Canguçu, Pelotas, Bagé, Piraí), os Lanceiros Negros foram organizados em duas divisões: uma de cavalaria uma infantaria. Temidos por serem truculentos e exímios esgrimistas, esses combatentes, sobretudo a cavalaria, utilizava como equipamentos de combate as lanças compridas além de coletes de couro cru, esporas afiadas presas aos pés e boleadeiras.
Subordinados a vários ex-oficiais do militarismo imperial brasileiro, entre eles, os idealizadores dos lanceiros, coronéis Joaquim Pedro Soares e Teixeira Nunes, o efetivo formado pela parcela mais discriminada da população, isto é, os negros, ocuparam um importante destaque na nomenclatura do conflito.
Negros, índios e mestiços desempenharam papel fundamental na Guerra dos Farrapos como soldados, trabalhando em setores importantes da economia de guerra: estâncias de gado, fabricação de pólvora, plantações de fumo e erva-mate cultivadas pelos rebeldes. Apesar das promessas, a República Rio-Grandense não libertou seus escravos. José Mariano de Mattos (1801-1866) apresentou em 1842, na Assembleia Constituinte, um projeto de abolição que foi recusado. A Corte Imperial não concordava com a liberdade dos escravos, pois um grande número de negros armados poderia ser um perigo e grande ameaça para os escravocratas brasileiros.
Grupos de Lanceiros Negros prisioneiros foram enviados ainda em 1845 para o Rio de Janeiro na condição de libertos (Jornal do Comercio e o Diário do Rio de Janeiro 26.08.1845). O ex-farroupilha Manuel Caldeira expõe que tenham sido novamente escravizados, levados para a Fazenda de Santa Cruz, como propriedade do Estado. Alguns soldados negros podem ter escapado para o Uruguai, refugiados, formado quilombos e se passando por homens livres. Descendentes destes viveriam até hoje nessa área rural conhecida como Estância “La Gloria”, na região de Payssandú.
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